Texto 3: Paz social
Está comprovado que a violência só gera violência. A rua serve para a criança como uma escola preparatória. Do menino marginal, esculpe-se o adulto marginal, talhado diariamente por uma sociedade violenta que lhe nega condições básicas de vida.
Por trás de um garoto abandonado existe um adulto abandonado. E o garoto abandonado de hoje é o adulto abandonado de amanhã. É um círculo vicioso, em que todos são vítimas, em maior ou menor escala. Vítimas de uma sociedade que não consegue garantir um mínimo de paz social.
Paz social
significa poder andar na rua sem ser incomodado por pivetes. Isso porque, num
país civilizado, não existem pivetes. Existem crianças desenvolvendo suas
potencialidades. Paz é não ter medo de sequestradores. É nunca desejar comprar
uma arma para se defender ou querer se refugiar em Miami. É não considerar
normal a ideia de que o extermínio de crianças ou adultos garanta a segurança.
Entender a infância
marginal significa entender por que um menino vai para a rua e não para a
escola. Essa é, em essência, a diferença entre o garoto que está dentro do
carro, de vidros fechados, e aquele que se aproxima do carro para vender
chiclete ou pedir esmola. E essa é a diferença entre um país desenvolvido e um
país de Terceiro Mundo.
É também entender a história do Brasil, marcada pelo descaso das elites em relação aos menos privilegiados. Esse descaso é simbolizado por uma frase que fez muito sucesso na política brasileira: caso social é caso de polícia.
É também entender a história do Brasil, marcada pelo descaso das elites em relação aos menos privilegiados. Esse descaso é simbolizado por uma frase que fez muito sucesso na política brasileira: caso social é caso de polícia.
A frase surgiu
como uma justificativa para o tratamento dado ao trabalhador no começo do
século XX. Em outras palavras, é a mesma postura que as pessoas assumem hoje em
relação à infância carente e aos meninos de rua.
Fonte: DIMENSTEIN, Gilberto. O cidadão de papel: a infância, a adolescência e os direitos humanos no Brasil. 20. ed. São Paulo: Ática, 1993.
Atividade oral -
2. Em
dupla, discuta sobre o artigo de opinião lido, apontando para temática tratada,
finalidade, aspectos estruturais, linguísticos e discursivos do texto.
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